quarta-feira, 9 de novembro de 2011

“Vou apertar, mas não vou acender agora. Se segura malandro, pra fazer a cabeça tem hora”





Um incauto que ligasse a TV e se deparasse com a imagem de jovens com os rostos cobertos, imaginaria ser uma nova rebelião num presídio qualquer.



Na verdade, tratava-se de uma ocupação da reitoria pelos alunos da USP. O que esses estudantes pleiteavam? Poderia se supor que seria uma manifestação contra a corrupção que grassa pelo país, a impunidade de nossos representantes políticos, os números da inflação maquiados, ou ainda, o 84º lugar do Brasil no IDH divulgado pela ONU.



Pois, pasmem! O imbróglio era por conta da presença da PM no campus, o que coibiria a alegada liberdade de expressão, trocando em miúdos, o uso de maconha. Como se sabe, assaltos e até assassinatos ocorreram na USP. Então, firmou-se um convênio entre a Polícia Militar e a Secretaria da Segurança Pública, para aumentar as medidas de proteção na Cidade Universitária.



Deu-se o caso que, durante uma ronda normal, três alunos foram detidos por posse de maconha. Mesmo tendo sido liberados logo depois, um grupo de estudantes invadiu um prédio da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) como retaliação. Houve uma assembleia em que a maioria decidiu pela desocupação do edifício. A minoria derrotada, muito “democraticamente” porém, decidiu invadir a reitoria. Ou seja, a discussão toda é porque essa pequena turma de uspianos não quer ter sua liberdade de queimar um baseadinho restringida. É em defesa dessa causa tíbia que os estudantes se rebelaram, corroborando a imagem da USP como sendo um mundo paralelo. E se não bastasse, como estupidez pode ser contagiosa, aventou-se a possibilidade de uma greve geral na universidade. Depois da reintegração de posse, vários estudantes foram levados à delegacia. A fiança foi paga com dinheiro arrecadado por filiados da Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) em todo o país. Esses alunos, que não precisam pagar faculdade e depredam patrimônio público, ainda são libertados sem nenhum custo. Eis aí uma bela lição de cidadania.



O mais risível é que em algum momento foi dito que os estudantes eram presos políticos. Visão totalmente equivocada, querendo fazer desta veleidade estudantil uma tentativa de emular-se a jovens da época de ditadura que brigavam por ideais que valiam a pena e as faculdades eram sim o reduto sagrado para a livre expressão.



Enquanto isso, bem próximo daqui, no Chile, estudantes estão nas ruas há meses reivindicando educação pública gratuita e de qualidade.



É isso aí, bicho.



Título do post: trecho da música Malandragem dá um tempo com o Barão Vermelho

3 comentários:

Bárbara Menezes disse...

Concordo. Tudo isso por causa da maconha. A polícia não está interferindo nas aulas, não prendeu professores, não queimou livros... Galera, vocês não estão na ditadura, só estão querendo fumar um baseado. De volta à realidade, por favor.

Cristina Casagrande disse...

Li essa frase-paródia nessa semana e achei genial: "Tu te tornas eternamente responsável pela Cannabis que te Sativa"

DELANO disse...

Quem tem que ter medo da polícia é bandido. Quanto ao crédito pela música, é do Bezerra da Silva (antigo sambista pernambucano, radicado no Rio, morto há uns três, quatro anos). O barão regraqvou a canção com certo sucesso.

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