quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FBN lança edital do Programa de Residência de Tradutores Estrangeiros no Brasil

Do site da FBN


A Fundação Biblioteca Nacional (FBN/MInC) lançou o edital do Programa de Residência de Tradutores Estrangeiros no Brasil com o objetivo de difundir a cultura e a literatura brasileiras no exterior, por meio da concessão de bolsas a tradutores estrangeiros com a finalidade de apoiar o custeio de períodos de residência no Brasil.

O Programa é destinado a tradutores do português para qualquer idioma estrangeiro – preferencialmente para os idiomas: alemão, espanhol, francês, inglês e italiano – com projetos contratados, já iniciados, de tradução de obras de autores brasileiros publicadas previamente no Brasil. O Programa poderá apoiar tradutores com projetos no âmbito da literatura e de humanidades, especialmente os seguintes gêneros: romance, conto, poesia, crônica, infantil e/ou juvenil, teatro, obra de referência, ensaio literário, ensaio de ciências sociais, ensaio histórico, ensaio de vulgarização científica e antologias de poemas e contos, integrais ou em parte.

As bolsas concedidas pelo Programa deverão cobrir parcial ou totalmente o valor total das despesas com passagens aéreas, transporte, hospedagem e alimentação do tradutor no Brasil durante um período mínimo de cinco semanas.

Acesse este link para baixar o edital.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Grupo feminino planeja queima de exemplares do romance "Cinquenta tons de cinza"

De O Globo

Um grupo de auxílio às mulheres quer fazer uma fogueira com exemplares de “Cinquenta tons de cinza”, da escritora britânica E. L. James, e queimar também uma imagem que representa o personagem Christian Grey, informa o “The Guardian”. A convocação está sendo feita por Clare Philipson, diretora do Wearside Women in Need, uma instituição de caridade para vítimas de violência doméstica, que caracteriza o livro como “um manual de instrução para tortura sexual”.

“As pessoas dizem que somos lunáticas fascistas por querermos queimar os livros (o evento está marcado para 5 de novembro). Estava esperando um ícone feminino se pronunciar sobre esse lixo misógino, mas até agora ninguém falou. Então decidi tomar uma atitude”, afirmou a mulher que fará a fogueira em Washington, nos Estados Unidos, onde fica a sede da instituição.

O livro, considerado um fenômeno literário que já bateu recordes de vendas no Brasil, conta a história do relacionamento dominante e sadomasoquista entre o bilionário Christian Grey e a estudante Anastasia Steele.

“Haverá uma geração de jovens mulheres escutando outras mais velhas dizendo: ‘Que livro ótimo’. Essas meninas de 13, 14 anos vão pensar que isso é legal. Queremos chamar atenção para o que é realmente este personagem”, detona Claire.

Ao “Guardian”, Claire afirma que o livro se trata de violência doméstica. “Ele pega alguém menos poderoso e menos experiente, não muito confiante na área que está sendo introduzida e conta uma historinha. Depois, ele começa a fazer coisas sexuais horríveis com ela. Aos poucos ele muda os limites dela, normalizando a violência. É a mitologia de que mulheres gostam de se machucar”.

A organizadora do movimento diz que, apesar da mensagem do livro ser (nas palavras dela) que “se você amar o suficiente esse homem errado, ele vai melhorar”, em 30 anos trabalhando com mulheres que sofrem este tipo de violência a chance disso acontecer é mínima.

“Bem, você ficaria fisicamente traumatizada e potecialmente morreria. Você tem que se livrar dos Christians Greys do mundo”.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Conversa com Letria


Na última quinta-feira, tive a grata oportunidade de participar de um bate-papo com o escritor português José Jorge Letria na Universidade de São Paulo. Ele é dotado de um currículo que, não sei você, mas me dá muita inveja. Para não dizer que faltou tradição, fez direito. Respeitável. Mas sem mesmices: estudou história e história da arte.

Não ficou só no pensamento. Nos anos 70, revelou-se compositor e cantor. Mas não estagnou no lirismo musical. Especializou-se em estudos de guerra e paz nas relações internacionais. Trabalhou muitos anos como jornalista cultural. Tampouco ficou apenas bajulando escritores. Escreveu e escreve muito. Não só prosa, mas poesia; não só para adultos, mas para crianças.

E como foi convidado pela área de Literatura Infantil e Juvenil da faculdade de letras, foi às crianças que o papo mais se ateve.  Letria acredita que seu sucesso na literatura infantil se dá por nunca abandonar o pequenino que foi. Escreve para agradar a sua criança interior, sua principal crítica e cúmplice. 

Filho único, o escritor sempre buscou ser seu companheiro múltiplo e espantar a solidão. Com um certo quê de superstição, atribui a sua multiplicidade profissional a seu signo, gêmeos. Com orgulho e humildade, recorda que era o mesmo de Fernando Pessoa, daí os heterônimos. 

A paixão pela literatura infantil também tem ares de paternidade. Quando seus filhos eram pequenos, cantava para adultos. Para agradá-los, começou a cantar para eles também. E, aí, a poesia veio fácil. E como é bela!

Para seu orgulho, seu filho, André Letria seguiu por outro caminho, mas não tão distante. Renomado ilustrador na área infantil, vez ou outra, faz parceria com o pai. Mas o rapaz tem talento, injusto seria dizer que o sucesso é por conta dos laços sanguíneos. “Se eu ajudei em alguma coisa, foi levando meus filhos a pinacotecas nas viagens, trazendo livros e outras novidades artísticas para eles conhecerem”, afirma o pai orgulhoso de si e da prole.  

Nesse debate, Letria recorda aquilo que a gente já sabia: ilustração e palavra são texto, ainda mais quando os livros são para os pequenos. Defende, mas também reclama. “Muitas vezes, a equipe de arte destaca uma palavra, porque ficaria bem para a ilustração, mas, na minha criação poética, ela não mereceria ser frisada, e o sentido muda.” 

E para não negar a formação em direito, faz questão de argumentar a sua tese. “É preciso recorrer ao clássico - segundo Ítalo Calvino -, de acordo com ele, é o texto [verbal] que gera a imagem e não o contrário.”

Para o fim de papo, Letria recorda a importância formadora da leitura, aliando a estética à ética. “Não sou partidário de que qualquer leitura é válida. Entre ler algo que não tem boa fundamentação ética e não ler, é melhor não ler”, aposta. 

Mas como sua personalidade é múltipla, não ficou só nos pesos e medidas. “A literatura para o leitor deve ser sempre um caso de amor.” E pelo pouco que pude conferir, a menos na poesia para crianças, não é difícil cair de amores por suas letras.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Revista em quadrinhos mais antiga do mundo anuncia que irá acabar

Da Folha de S.Paulo

A revista em quadrinhos "The Dandy", a revista profissional mais antiga do mundo ainda em circulação, confirmou que vai deixar de produzir sua edição impressa, após 75 anos de existência. A publicação vai se tornar totalmente on-line.

A revistinha "The Dandy" foi lançada na Inglaterra em 1937, fazendo dela a revista em quadrinhos profissional mais antiga do mundo ainda em circulação.
Justin Tallis/France Presse

Em seus tempos de glória nos anos 50, a revistinha, que conta as aventuras do comedor de tortas Desperate Dan e de seu gato Korky the Cat, vendia mais de 2 milhões de cópias por semana.

Nos últimos anos, no entanto, as vendas da revista caíram para abaixo de 7.500 cópias por semana.

A última edição impressa da "The Dandy" será lançada na Inglaterra em 4 de dezembro, coincidindo com o 75 º aniversário da publicação.

Ao jornal britânico "The Guardian", Ellis Watson, chefe-executivo da revista, disse: "Posso confirmar que esta será a nossa última edição impressa. Infelizmente o negócio tornou-se inviável, mas é o que faremos on-line que irá definir os próximos 75 anos."

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Teste: Você ensina seu filho a gostar de ler?

Você que gosta muito de ler, consegue se lembrar de onde veio essa influência? Foi da escola? Foi da família? Não faz nem ideia?

Às vezes, fica difícil saber exatamente o que levou uma pessoa a ter paixão pela leitura, mas não é novidade que o incentivo pode ser peça-chave para tornar uma criança um futuro grande leitor.

Por isso, se você tem filhos, faça este teste e descubra se está no caminho certo para cultivar o gosto da leitura neles. Se não tem, é interessante ver as opções e já ir pensando em como fazer quando os pequeninos chegarem!


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Gibran Khalil Gibran

“A simplicidade é o último degrau da sabedoria”

جبران خليل جبران [Gibran Khalil Gibran]



A poesia e a sabedoria já aparecem em seu nome que, com harmonia, intercala o som duro e vibrante de “gibran” [o fortalecido por Deus] com a suavidade e doçura de “khalil” [o amigo íntimo].

Gibran nasceu no Líbano, o País dos Cedros, no ano de 1883. A sua poesia tem a cor local, mas conversa com qualquer leitor, de qualquer época ou lugar, pois fala de valores universais como amor, amizade, vida, morte, fé...

Gibran escrevia em forma de parábolas, o que dá ao seu texto um tom de mistério e provoca momentos de reflexão – como os melhores textos do Oriente. E quando pensamos que descobrimos a mensagem oculta no texto, basta insistir mais um pouco e descobriremos algo ainda mais profundo, ainda mais escondido entre as palavras. Bem... é como no xadrez: se você encontrou uma boa jogada, é porque não se esforçou o suficiente para achar a jogada excelente.

Gostei de tudo que li dele, mas posso recomendar, em ordem de preferência, três livros em especial: O louco, Asas partidas e O profeta. Além de escritor, Gibran também se dedicou às artes plásticas e alguns de seus livros contam com desenhos feitos por ele.

Infelizmente, quando ouvimos falar do Oriente Médio, fica mais forte a questão das guerras e dos conflitos.

O Líbano de Gibran sofreu na década de 1980 com uma longa guerra civil. Guerra semelhante a que hoje está acontecendo na Síria. E me pergunto: quantos Gibrans já não podem ter morrido nesses conflitos?

Com pesar, lembro-me do terrível destino do movimento artístico alemão conhecido como Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul) – cujo maior expoente foi o pintor Franz Marc, quem muito admiro por suas cores vivas e por conseguir fazer do cavalo um animal ainda mais bonito –, esse movimento foi extinto pela sangrenta Primeira Guerra Mundial, que matou ou exilou os seus artistas. Hélas! Todo um movimento artístico exterminado pela guerra.

O pintor Franz Marc, aos 36 anos, foi abatido em campo de batalha por um obus. Com ele, foi encontrado um caderno com 36 desenhos e uma carta para sua esposa em que dizia que, após o final da guerra, transformaria os desenhos em pinturas. E outra vez um hélas escapa da garganta.

É triste começar um post falando sobre poesia e terminá-lo falando de guerra.

O cavalo azul (Franz Marc, 1911)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Peça um prato literário e ganhe ingressos para a Bienal

Do site da Época

Restaurantes que publicaram livros, ou têm chefs escritores, também vendem livros com desconto

Restaurante Santinho da dona e chef Morena Leite, autora de "Brasil, ritmos e receitas"
(Foto de Codo Meletti/Editora Globo)

Este ano, a Bienal do Livro vai ultrapassar o espaço do Parque Anhembi. A ação O livro vai à mesa unirá literatura e gastronomia na cidade. De 2 a 19 de agosto, os restaurantes de São Paulo que já publicaram livros ou são comandados por chefs autores terão um prato em homenagem à Bienal no cardápio – incluindo criações exclusivas. O cliente que optar pelo prato ganhará um par de ingressos para o evento.

Além disso, dentro do período da promoção, os livros estarão à venda no restaurante com descontos entre 20% e 50%.

Participam da ação os restaurantes:
Don Pepe Di Napoli
Jardins – Rua Padre João Manuel, 1104 – Tel. 3081 4080
Moema I – Al. dos Arapanés, 955 – Tel. 5055 6626
Moema II – Av. Macuco, 715 – Tel. 5055 3215
Moema III – Av. Rouxinol, 763 – Tel. 5055 3627
Vila Olímpia – Rua Alvorada, 1009 – Tel. 3841 9843
São Caetano – Rua Alegre, 440 – Tel. 4227 5994

Capim Santo
Jardins – Al. Ministro Rocha Azevedo, 471 – Tel. 3068 8486

Divino Fogão
A rede tem 31 unidades na capital nos principais shopping centers da cidade.

Na Cozinha
Jardins – Rua Haddock Lobo, 955 – Tel. 5511 3063

Maria Brigadeiro
Pinheiros – Rua Capote Valente, 68  – Tel. 3085 3687

Jardim de Napoli
Consolação – Rua Doutor Martinico Prado, 463 – Tel. 3666 3022

Ponto Chic
Perdizes – Largo Pe. Péricles, 139 – Tel. 3826 0500
Paraíso – Praça Oswaldo Cruz, 26 – Tel. 3289 1480
Largo do Paissandú – Largo do Paissandu, 27 – Tel. 3222 6528

Santinho
Pinheiros – Rua Coropés, 88 – Tel. 3034 4673
Vinheira Percussi
Jardins – Rua Cônego Eugênio Leite, 523 – Tel. 3088 4920
Mello & Mellão Trattoria
Itaim – Rua Pais de Araújo, 184 – Tel. 3078 0812

Bistro Charlô
Cerqueira César – Rua Br Capanema, 440 – Tel. 3087 4444

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Caravaggio no Masp


Todos nós, mortais, poderemos apreciar a bela obra de Michelangelo Merisi da Caravaggio, um dos maiores pintores do século 17, e de alguns artistas por ele influenciados. A mostra “Caravaggio e seus seguidores”, que acontece no Museu de Arte de São Paulo, inclui a famosa "Medusa Murtola", recentemente confirmada como uma Medusa Original.

O artista barroco “punha em cena a humanidade atormentada, envolvida pelas trevas, junto aos eventos salvadores por onde se libertava a luz”, define Rosella Vodret, idealizadora da exposição e considerada uma das maiores autoridades em Caravaggio na Itália.
A técnica apurada de fundos escuros sobre os quais colocava as figuras de seus temas em primeiro plano, com focos de luz incidindo sobre a cena, criou obras-primas conhecidas no mundo todo. O uso recorrente de sombra e luz (chiaroscuro) recebeu a denominação de Tenebrismo.
Para suas composições, utilizava modelos encontrados entre prostitutas, marinheiros, ladrões e toda a chamada escória de seu tempo. Em nome de sua arte, agia sem qualquer prurido, a ponto de ter sido acusado de usar o corpo de uma prostituta resgatada morta do rio Tibre para pintar A morte da virgem.
Figura revolucionária, Caravaggio nome que adotou profissionalmente por conta de sua aldeia nasceu em setembro de 1571 e morreu em julho de 1610, com apenas 38 anos. De temperamento forte e enigmático, foi acusado, inclusive, de homicídio e condenado à morte, o que o forçou a fugir, criando, assim, um exército de desafetos.
A mostra permanece na cidade até 30 de setembro.
Programaço!!!
  
Cumps.
Imagens das obras: São Jerônimo que escreve e  Medusa Murtola

domingo, 5 de agosto de 2012

Esculpindo palavras

Conta-se que o renascentista Michelangelo – um dos meus artistas prediletos – via a escultura dentro da rocha antes mesmo de esculpi-la. Seu trabalho iniciava justamente observando as pedras por muito tempo, a fim de libertar as imagens existentes dentro delas.

Assim, acredito que possam estar todas as outras obras de arte. Você respira e aspira notas musicais num compasso ainda não descoberto. Nós dois ensaiamos pas de deux jamais apresentados. Da minha parte, interessa-me mais ainda as quantas histórias que pairam pelo invisível, ávidas por serem impressas no papel e vividas em nossas mentes. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cinquenta tons de cinza e o sucesso avassalador

É difícil ignorar um best-seller. Por mais que não se encaixe no que gostamos de ler. Por mais que desprezemos o enredo, o estilo... Se vende tão bem, ficamos intrigados.

Assim é Cinquenta tons de cinza, lançado esta semana no Brasil pela Intrínseca.

E já em primeiro lugar na nossa lista de mais vendidos.

E isso não é tudo. O livro, da escritora inglesa E. L. James, desbancou Harry Potter como o livro mais vendido de todos os tempos no site amazon.co.uk.

Cinquenta tons de cinza é um romance erótico que conta o encontro entre a estudante universitária Anastasia Steele e o jovem empresário Christian Grey. Anastasia é ingênua, atrapalhada, inexperiente e tem baixa autoestima. É virgem e nunca chegou nem a se masturbar. Grey é rico, poderoso, lindo e controlador. Tem um gosto especial por joguinhos sexuais em um quarto de paredes vermelhas e objetos para a prática de sadomasoquismo. Faz Anastasia assinar um contrato dando a ele todo o controle sobre ela.

O livro tem como grande atrativo as cenas de sexo detalhadamente descritas. Em diversas avaliações que li pela internet, a grande crítica é a quantidade de clichês e o pouco valor artístico da obra. Pelo que pude ler, do primeiro capítulo, sou obrigada a concordar. Particularmente, tenho total aversão aos romances em que o mocinho é perfeito e a mocinha é desengonçada e tem pouca confiança em si mesma (hello, Bridget Jones!).

E esse é assim. E. L. James ficou conhecida quando escrevia fanfictions do livro Crepúsculo. Suas histórias já faziam sucesso na internet antes mesmo de uma editora entrar em contato com ela. Mais um interessante exemplo de como a internet tem ajudado a divulgar novos autores. E pano pra manga nas discussões sobre o futuro do papel das editoras.

Como todo bom best-seller, Cinquenta tons de cinza logo vai virar filme. Especulam até que Angelina Jolie fará parte do elenco. E Emma Watson, de Harry Potter.

Para quem ficou curioso, é possível ler o primeiro capítulo do livro gratuitamente on-line, aqui.

Agora, para quem quiser dar muita risada, o vídeo do Marcelinho lendo um trecho bastante erótico do Cinquenta tons de cinza. Eu ri litros:

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Adieu, Marker! Merci beaucoup!

 
O cineasta francês Chris Marker morreu neste domingo (29/07) – dia de seu aniversário – aos 91 anos.
Entre inúmeras obras, em sua maioria documentários, o curta-metragem de ficção científica "La jetée" (1962) o tornou famoso mundialmente e inspirou o filme "Os 12 macacos", dirigido por Terry Gilliam (Monty Python; Brazil, o filme).

Assisti a esse belo trabalho na faculdade e foi como uma aula magna de cinema, fotografia e poesia. É um filme com 28 minutos de duração, composto de imagens fixas e apenas uma cena em movimento. Esse photo-roman em p&b narra a história de um homem sobrevivente da Terceira Guerra Mundial que vive como prisioneiro nos subterrâneos de uma Paris destruída e contaminada com radioatividade. Sem saída, o protagonista submete-se, então, ao experimento de uma viagem no tempo para resgatar certa passagem de sua infância. Mas, como vaticinava o mito grego Édipo, ninguém escapa à mão do destino.

A fotografia, que mantém relação afetiva com as nossas lembranças, foi a escolha do diretor para explorar essa geografia da memória.  E a estética de seus enquadramentos é uma preciosidade. Pura epifania!

Considerado um poeta da imagem, Marker colaborou com vários diretores, entre os quais Alain Resnais (Hiroshima mon amour) e Costa Gavras (Z).

Além de "La jetée", outra obra inesquecível do cineasta é "A.K." (1985), mostrando os bastidores de "Ran", do mestre dos mestres Akira Kurosawa.

Também traduziu os poemas do personagem Paulo Martins de Terra em transe, de Glauber Rocha.
As imagens ao lado são da obra Gatos empoleirados (2004), filme de Marker que retratou os grafites do sorridente felino, animal pelo qual tinha obsessão, que anonimamente invadiram as fachadas e telhados de Paris depois do 11 de setembro.




Ao mesmo tempo, odiava fotos, de si próprio é claro, e sempre que os jornais ou revistas lhe pediam uma para ilustrar a reportagem, enviava o desenho de um gato cujo nome era venerado entre seus fãs: Guillaume-en-Egypte.

Enfim, Marker ou Guillaume são para sempre...

Cumps.

Trilogia Hobbit?


Pois é. Agora é oficial. Peter Jackson vai fazer três filmes para adaptação do primeiro romance de J. R. R. Tolkien, O Hobbit, que precedeu – e explica muito! – O Senhor dos Anéis.

A polêmica consiste em saber se o livro dá tanto pano para manga assim. Afinal, na edição da Martins Fontes, o romance não chega a ter 300 páginas, enquanto O Senhor dos Anéis tem mais de mil, além de trazer muito mais detalhes a cada linha. Não seria o caso, por exemplo, de adaptar as histórias d’O Silmarillion*, para prosseguir as representações tolkienianas na linguagem cinematográfica?

É fato que mesmo com a versão estendida, lançada após as bilheterias, ainda falta muita história e minúcias em O Senhor dos Anéis – sim, eu queria muito ver como seria Tom Bombadil e as Criaturas Tumulares, por exemplo –, mas isso é cinema. Não dá para colocar tudo o que um livro pode trazer na película. Mas nem por isso a sétima arte pode ser considerada um gênero menor, só é diferente. Está aí o próprio Peter Jackson, com sua brilhante adaptação à maior obra de Tolkien, que não me deixa mentir.

Agora, sem querer ofender ninguém, apesar de ter gostado muito d’O Hobbit, não acho que ele seja digno nem de descalçar as sandálias de O Senhor dos Anéis e não carece ser adaptado em três filmes. Em outras palavras: isso cheira a interesses mercadológicos. Mas, longe de mim querer ofender o grande cineasta neozelandês. Sério. Todo respeito e admiração a ele.

Espero que eu – e boa parte dos apreciadores de Tolkien – esteja rotundamente enganada e que me surpreenda. De qualquer forma, não tenho dúvidas de que será uma grande adaptação e espero enxergar Lá e de Volta e Outra Vez com novos olhos.


* Uma coletânea mitológica escrita por Tolkien sem edição final até a sua morte. O livro foi lançado por seu filho, Christopher, em 1977, e traz a narrativa descritiva – incompleta  –  sobre o universo da Terra-Média, que ambienta  O Hobbit e O Senhor dos Anéis.

Imagem: Facebook/Divulgação

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