quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A árvore da vida







Acabei de ver, com um tanto de atraso, o filme A árvore da vida, do diretor e roteirista Terrence Malick, vencedor da Palma de Ouro de Melhor Filme na última edição do Festival de Cannes.

Ao realizar a tarefa hercúlea de mostrar todo o percurso da origem do universo até os dias de hoje, Malick torna-se maçante e quase didático. As belas imagens que poderiam ser de qualquer documentário da National Geographic ou do Discovery Channel e a própria abordagem do tema não trazem lá muitas novidades, como o fizeram 2011: uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick, ou Koyaanisqatsi, de Godfrey Regio. Foi-me impossível evitar a comparação a esses dois grandes filmes que genuinamente inovaram a forma de fazer cinema.

Em A árvore da vida, o diretor alterna a grandiosidade de um Big Bang e a época dos dinossauros com a pequenez da trajetória humana. Logo no início tem-se uma frase dita por Deus: "Onde estavas quando lancei os fundamentos da Terra?", em resposta a Jó, que questiona por que o justo sofre.

Mas é o homem nessa sua dimensão ínfima que carrega a grande questão que assola a humanidade desde sempre: a consciência da morte. E não só a sua própria, mas também a morte de quem se ama.

Através de suas lentes, Malick mostra a história de uma família suburbana dos anos 50 no Texas, com tradição rígida e fervor religioso. Com o luto por um membro da família, alguns personagens iniciam uma jornada de indagações sobre o sentido da vida e a existência de Deus.

Em um dado momento apresenta-se a dicotomia: a vida como graça (um presente divino, simbolizado pela mãe generosa de sentimentos e altruísta) ou a vida como natureza (só matéria, representada aqui pelo pai competitivo e ambicioso). Pode-se escolher um desses caminhos. O velho maniqueísmo entre o bem e o mal, que levará um dos filhos, já na idade madura, a grandes inquietações.

Ou seja, não são questões novas e acredito que não é necessário ler Santo Agostinho ou Nietzsche para entendê-las. Todos, em algum momento, já se fizeram essas perguntas. De qualquer forma, a religião pode ser um bálsamo aos crédulos, no processo de mitigar as dores.

Na minha opinião, vale assistir ao filme por conta da estonteante fotografia de Emmanuel Lubezki, das boas atuações e angústias que convencem. De resto, pouco acrescenta. Aliás, tantas horas de filme cortadas (no original eram 8 horas rodadas) que o personagem de Sean Penn parece deslocado e sem função.

E já que o assunto é morte, eu não o colocaria como um dos importantes filmes para se ver antes de morrer.

Cumps.

4 comentários:

Bárbara Menezes disse...

Interessante. Todos estão falando tanto do filme. Quero ver ainda assim, mas percebo que pode haver oba-oba demais em torno dele...

Ricardo Barreiros disse...

Chris,

Que balde de água fria! Eu estava animado para assistir ao filme, rs! Bem, vou dar uma conferida e depois opino.
O Koyaanisqatsi é muito bom, curto muito a trilha do Philip Glass. E o Kubrick, nem se fala!

Bjos!

Chris Menezes disse...

Mas eu acho que vale a visita sim. Tem que ver o filme, até pra tecer sua própria opinião, servir de referência. Só que pra mim não foi o esperado.

Como você, Ricardo, também sou fã do Philip Glass (Koyaanisqatsi, Kundun, Mishima). Fez trilhas memoráveis! O que já não é o caso da trilha do filme A árvore da vida. É bonita, mas nada de novo. Faltou um músico como ele para ousar mais.

bjs

Cristina Casagrande disse...

Eu achei um excelente filme! E olha que não concordo com muita coisa de lá. Mas ele é bom justamente porque inquieta todo mundo. Faz pensar. E é diferente dos demais, sem ser diferente só porque quer dar uma de inovador, sabe?
Saí do cinema com cara de dúvida...Será que eu gostei? Acho que não...Não, não...Eu gostei sim! Ai, não sei...rs.

Enfim, é um filme muito bom, mas na hora você fica com cara de ponto de interrogação.

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