terça-feira, 6 de março de 2012

A tradução no Brasil é tão ruim assim?

Um artigo da Revista Época está causando rebuliço entre os tradutores. O autor, Luis Antonio Giron, afirma que é cada vez mais fácil encontrar traduções mal feitas no mercado literário brasileiro.

Ele fala de erros de revisão (gramática, ortografia etc) e da falta de cultura geral nos tradutores, o que os leva a traduzir de maneira errada termos, nomes e ideias.

Para alguém que quer fazer uma crítica tão ferrenha, faltou a Giron citar nomes e exemplos. Livros cheios de erros de revisão? Aponte-os, diga quais são. Erros de tradução? Explique-os.

É claro que é muito mais fácil generalizar, dizer que a parcela de bons tradutores no Brasil é inexpressiva e jogar uma série de "verdades absolutas" sem, em nenhum momento, mostrar dados ou estatísticas para justificar suas acusações.

"Muitas traduções ruins" e "poucos tradutores bons" ficou um pouco vago, não?

Pior ainda dizer que esses erros são inaceitáveis nos tradutores, mas, nos jornalistas... veja bem... esses erros são desculpáveis, acontecem... Assim ficou fácil, não?

Quem quiser ler o artigo:

7 comentários:

Ricardo Barreiros disse...

Erros fazem parte de qualquer profissão, o problema de quando se trabalha com livros, por exemplo, é que o erro fica cristalizado, imortalizado naquela edição. Não adianta pedir ajuda para o colega de trabalho e corrigir aquilo antes que o seu chefe ou gerente veja. Depois de impresso e no mercado... Inês é morta.
O erro assusta, mas faz parte de todos os editoriais do planeta: Alemanha, Japão, Brasil, Marrakech, Cochinchina...
Sendo assim tão comum, deve ser tratado com mais naturalidade, sem caça às bruxas. Um revisor ou um tradutor, possivelmente, não erra mais que um administrador, um motorista, um professor, um advogado, um cozinheiro...

Cristina Casagrande disse...

Acho que um dos piores problemas que pode haver na tradução - e em muitas profissões que lidam com texto/arte - é a pressão do prazo. Muitas vezes, você não tem tempo hábil de reler, duvidar, refletir sobre qual a palavra/frase/expressão exata deveria estar ali, respeitando o que o escritor quis passar no momento, como isso pode se aplicar na cultura local etc...

Peri disse...

Um livro de 150 páginas tem em média quantas palavra? Bastou apenas uma estar errada que todo mundo vai comentar. Apontar erros que nem ele fez, qualquer aluno(?) do ensino médio consegue, agora faltou ele propor soluções de verdade.

Peri disse...

Em tempo, lí hoje esta matéria:

http://colunistas.ig.com.br/viagens/2012/03/15/para-ingles-entender/

bem sintomático, não?

Taís disse...

O problema é que parece muito erudito apontar erros de tradução e dizer que ninguém sabe fazer direito

Rafa Lombardino disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rafa Lombardino disse...

A matéria da Época errou ao não dar nome aos bois, mas não está equivocada.

Vindo do jornalismo como venho, acredito que possa ter sido culpa do jornalista generalista ou até mesmo de um editor mais medroso que não quis ser processado pelas poderosas editoras.

Trabalhando como tradutora há 15 anos, sei bem como a qualidade dos "colegas de trabalho" deixa muito a desejar, não só nos conhecimentos culturais da língua de partida (geralmente inglês e espanhol) como também nas deficiências relacionadas à língua de chegada, a própria língua materna, a boa e velha Língua Portuguesa...

Aqui está um pouco mais de contexto sobre quem não teve medo de dar nome aos bois e apontar erros detalhadamente.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...