quarta-feira, 11 de julho de 2012

Maldita guerra!

"Maldita guerra atrasa-nos meio século!"
(Barão de Cotegipe para o barão de Penedo)



Muito já se falou e escreveu sobre a II Guerra Mundial, porém, não foi essa a nossa guerra maior. Não foi esse o conflito em que o Brasil foi invadido e teve suas cidades saqueadas. Não foi na II Guerra que o Brasil liderou uma aliança contra um tirano. A guerra a que me refiro aqui é a Guerra do Paraguai.

Durante anos, acreditei na versão que me foi ensinada na escola sobre esse conflito. Acreditei que, naquela época, o país guarani estava se tornando uma potência regional, industrializada, próspera e com ótimos índices de educação. E, por causa disso, a Grã-Bretanha, ameaçada nos seus interesses de dominar toda a região do Prata, jogou o Brasil, a Argentina e o Uruguai contra o Paraguai. Todas as pessoas que ouviram essa versão e acreditaram precisam conhecer uma obra-prima da historiografia moderna chamada Maldita guerra, de autoria de Francisco Doratioto.

O livro é muito bem escrito e resultou de uma pesquisa detalhada que reconta e desmistifica esse conflito. A pergunta que fica é como uma versão tão cheia de falhas (e falhas grosseiras!) perdurou por tanto tempo nos livros escolares?

Na época do conflito, o Brasil estava com relações cortadas com a Inglaterra por causa da Questão Christie, já o Paraguai não parava de comprar armamentos dos ingleses e contava até com técnicos militares desse país treinando suas tropas e participando da construção de fortalezas. Os guaranis, em relação à industrialização e à educação, viviam em um regime quase feudal (onde a família López era o senhor) e sofriam com os índices altíssimos de analfabetismo. E, para completar, foi o Paraguai o país agressor. O exército de López invadiu de surpresa as províncias brasileiras de Mato Grosso e Rio Grande do Sul e a província argentina de Corrientes. As ambições paraguaias giravam em torno de se tornar uma das potências da região platina e conquistar uma saída para o Oceano Atlântico (estratégica para o comércio com a Europa).

Com uma narrativa fluida e muitas fotos, o livro leva o leitor a conhecer um pouco mais sobre um evento tão importante em nossa história, mas tão pouco conhecido (ora por falta de curiosidade dos leitores ora pela má-fé de alguns historiadores).

Sei que quando o assunto é História, é difícil saber o que de fato é a verdade, mas também sei que estamos mais perto disso quando desmascaramos esse tipo de mentira.

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