A escritora canadense Margaret Atwood escreveu uma lista engraçada de dicas para escritores. Apesar de ainda não ter lido nenhum trabalho dela, eu gostei tanto da lista que resolvi reproduzi-la aqui:
1 Pegue um lápis para escrever em aviões. Canetas vazam. Mas pontas de lápis quebram e você não pode apontá-las no avião, pois não pode levar facas com você. Assim: pegue dois lápis.
2 Se as pontas dos dois lápis quebrarem, você pode apontá-los grosseiramente com uma lixa de unha de metal ou vidro.
3 Leve algo em que escrever. Papel é bom. Em um bloco, em pedaços de madeira ou no seu braço dá para usar.
4 Se estiver usando um computador, sempre proteja os textos novos com um pendrive.
5 Faça exercícios para as costas. A dor distrai.
6 Prenda a atenção do leitor. (Isso provavelmente funcionará melhor se você conseguir prender a sua atenção.) Mas você não sabe quem é o leitor, assim, é como atirar em peixes com um estilingue no escuro. O que fascina A vai entediar B até a morte.
7 É bem provável que você precise de um dicionário de sinônimos, uma gramática rudimentar e uma noção de realidade. Esta última significa: não existe almoço de graça. Escrever é trabalho. Também é uma aposta. Você não tem um plano de pensão. Outras pessoas podem ajudá-lo um pouco, mas, essencialmente, você está por conta própria. Ninguém o está forçando a isso: foi sua escolha, não reclame.
8 Você nunca pode ler seu próprio livro com a expectativa inocente que vem com aquela deliciosa primeira página de um novo livro, porque você o escreveu. Você esteve nos bastidores. Você viu como os coelhos foram colocados às escondidas no chapéu. Assim, peça a um amigo ou dois, que gostem de ler, para darem uma olhada no texto antes de mandá-lo para qualquer pessoa do mundo editorial. Esse amigo não deve ser alguém com quem você tenha um relacionamento amoroso, a menos que você queira terminá-lo.
9 Não se sente no meio da floresta. Se estiver perdido no enredo ou sofrendo um bloqueio, refaça seu caminho até o lugar onde errou. Depois, pegue a outra estrada. E/ou mude de pessoa. Mude o tempo verbal. Mude a primeira página.
10 Rezar pode dar certo. Ou ler outra coisa. Ou uma visualização constante do Santo Graal que é a versão finalizada e publicada do seu resplandecente livro.
Foto: Wikipedia
3 comentários:
Já li bastante coisa da autora (ela faz uma ficção feminista bem bacana), mas o meu favorito dela é o Assassino Cego. Vale mto a pena.
Gosto muito do texto dela. Fora o ótimo Assassino cego, eu recomendaria A noiva ladra. Muito bom!
bjs
Dicas inúteis. Ela fala mais de como se preparar para escrever do que o processo criativo em si. Falar que é necessário um papel para escrever é demais. Cheguei até a pensar: "e o que mais? vai me dizer que é necessário escrever com as luzes acesas?!". Tenho dito.
Postar um comentário