segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

E os e-books não vão ficar mais baratos, não?

Semana passada, visitei a Livraria Cultura para conhecer o Kobo, o leitor de e-books deles. Na mesma semana, a Amazon lançou seu site brasileiro e prometeu a chegada do Kindle a R$ 299,00.

Da alegria, passei à decepção. Claro que um leitor de e-books tem várias vantagens, como carregar milhares de livros dentro de um aparelhinho leve, poder compartilhar a leitura em redes sociais (propaganda do Kobo), poder baixar títulos no instante em que você pensa "queria ler tal livro", sem ter de esperar para ir à livraria. Mas, convenhamos, a grande esperança era poder comprar livros baratos.

O livro eletrônico não precisa de impressão, distribuição e armazenamento. Ele pode repassar essa economia para o leitor. Mas, pelo que estou vendo, não é bem assim. Os preços dos e-books estão pouco mais baixos que os preços dos livros físicos.

Então, decidi que, neste Natal, não vou me dar um e-reader.

Hoje, vi uma matéria do O Globo que diz bem o que eu penso.

Reproduzo abaixo:

Preço de e-books decepciona consumidores brasileiros
Apesar da chegada da Amazon, valores cobrados pelos livros digitais são parecidos em todas as livrarias
Sérgio Matsuura


RIO — Depois do alvoroço, a decepção. Na semana passada, o mercado nacional de e-books ficou em evidência com a entrada de dois grandes players internacionais, Google e Amazon — a Apple, outra gigante no setor, já vende livros digitais no país desde outubro. Mas o consumidor, que esperava promoções arrebatadoras com o acirramento da concorrência, ficou decepcionado. Os preços cobrados pelas novas lojas virtuais são quase os mesmos que já eram praticados por outras livrarias na rede, como Cultura e Saraiva.

O best-seller “50 tons de cinza”, por exemplo, custa os mesmos R$ 22,41 na Amazon, Google Play e nas livrarias Cultura e Saraiva. Só na loja da Apple o preço é diferente: só que mais caro. Em média, segundo as editoras, os livros digitais são 30% mais baratos que as versões impressas.

Cartel ou modelo positivo?

Para o professor da UFRJ e coordenador do laboratório da Economia do Livro, Fabio Sá Earp, o modelo é cartel. Segundo ele, os e-books poderiam custar entre um terço e metade do preço dos livros de papel.

— O livro digital não paga impressão, papel, armazenamento, não se desgasta. Esse acordo de preços é um exemplo clássico de cartel. Os preços deveriam ser determinados pela livre concorrência.

A presidente da Câmara Brasileira do Livro, Karine Pansa, rebate as críticas. Segundo ela, o tratamento isonômico dado aos revendedores é um ganho do mercado editorial brasileiro, pois impede que as lojas virtuais fixem os preços, diminuindo o lucro das editoras.

— Essa foi a grande briga das editoras brasileiras. Lá fora, a política de preços da Amazon acabou com o mercado editorial — afirma Karine.

O diretor da Globo Livros, Mauro Palermo, diz que a redução de custos está sendo repassada integralmente ao consumidor. E explica que, além dos citados pelo pesquisador, o livro tem outros custos, como edição, direitos autorais e gastos da editora. E cada livro tem características próprias:

— O “Ágape”, eu imprimo tiragens de 200 mil. É diferente de um título com 5 mil.

Discussões à parte, o consenso é que a política de preços está sendo testada. Pode ser que, ao longo do tempo, os e-books fiquem mais baratos.

— O negócio está engatinhando no país. Vendemos e-books há apenas dois anos — diz Marcílio Pousada, diretor-executivo da Saraiva.

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