No ano de Nosso Senhor de 1096, os corajosos exércitos da cristandade iniciaram uma série de campanhas militares que visavam conquistar a Terra Santa de Jerusalém, que estava nas mãos dos infiéis.
No ano de 489, os selvagens e impiedosos franj invadiram as terras da Ásia Menor e iniciaram uma guerra feroz contra os muçulmanos e contra Allah, o Clemente, o Misericordioso.
Essas são duas formas diferentes de se começar a contar a mesma história. As Cruzadas foram um evento tão brutal e traumatizante que até hoje podemos identificar aqui e ali resquícios desse conflito.
Qual dos dois lados em guerra estava com a razão? Essa é uma pergunta difícil e fica ainda mais difícil respondê-la quando conhecemos apenas um lado da história. Infelizmente, não raro, nos contentamos com a história contada pelo vencedor (neste caso, acontece algo pior: nos contentamos com a versão dos cruzados, o lado que perdeu!!!).
As Cruzadas vistas pelos árabes é um livro, no mínimo, necessário. Escrita por Amin Maalouf – um intelectual não muito conhecido aqui no Brasil, mas que faz parte da Académie Française –, essa obra leva o leitor ao coração de um povo que amargou a invasão de suas terras e episódios tão terríveis que desafiam a nossa imaginação (como é o caso dos canibais de Maara, da queima dos cem mil volumes da biblioteca de Dar-em-Ilm e da chuva de cabeças durante o cerco a Antioquia).
Esse livro tem o poder de provocar uma reação estranha: quando estiver no meio da leitura e com a guarda baixa, você (cristão e ocidental) se pegará torcendo por sultões, atabegs e califas e nomes como Kilij Arslan, Saladino e Redwan serão tão familiares e nobres quanto o de Ricardo, Coração de Leão.
2 comentários:
Que falta faz um sultão Saladino nos conflitos de hoje, em que grassa o fundamentalismo e posturas radicais em várias esferas. Além de comprometido com seu povo, era humilde e tolerante quando o assunto era a diversidade religiosa.
Ótima dica de leitura.
Bjs
chris
Na real, ocidental ou oriental, só vejo livros falando mal dos cristãos, rs.
Mas guerra é ruim sempre.
Ou melhor, só é boa de estudar!=D
Devo textos, tenho manuscrito recente, mas ainda não consegui passar aqui.:( Forgivemmm me, rs.
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