Na véspera do dia de Nossa Senhora Aparecida, tive a sorte de ver de perto Immaculée Ilibagiza, uma mulher admirável, que conseguiu sobreviver de forma heroica ao genocídio ruandês de 1994. Ainda estavam vivas, em mim, as palavras de sua instigante história autobiográfica, em “Sobrevivi para Contar - O Poder da Fé me Salvou de um Massacre”, quando a ouvi contar sua incrível saga, em uma palestra no TUCA, teatro da PUC-SP. Como quando li as páginas de seu livro, não pude conter as lágrimas.
Logo no prefácio, ela avisa: o livro não pretende contar a história de Ruanda, nem do genocídio, mas a história pessoal em meio à guerra civil ruandesa. Não é por isso, no entanto, que é uma história menos impressionante. Em seu relato, Immaculée conta como superou a solidão, o medo, o ódio e garantiu a fé em Deus e nas pessoas.
Ela, que nunca havia ouvido falar em tutsis e hutus em sua família, passou 91 dias dentro de um banheiro de 1,2m de comprimento e 1m de largura, com mais cinco mulheres e, mais tarde, com mais outras duas, porque o acaso – a alta estatura e o nariz afinado – resolveu considerá-la uma tutsi. Durante o período, elas não podiam conversar ou tomar banho, comiam restos de comida dos moradores da casa e só puxavam a descarga ao mesmo tempo em que alguém, no outro banheiro, puxava também.
Em sua liberdade, essa mulher teve de pagar preços ainda mais dolorosos: pai, mãe, avós e irmãos foram assassinados de forma cruel e violenta. A nova vida lhe deixava entre a esperança e o desalento. Era preciso encontrar um emprego, amigos, uma casa, mais tarde, um grande amor e o mais difícil de tudo: a capacidade de perdoar, apenas assim conseguiria estar livre para recomeçar sua vida.
Immaculée só conquistou o perdão por meio da oração. No banheiro, apegou-se ao terço vermelho e branco, dado pelo seu pai na última vez em que viu. Depois de pedir insistidas vezes para perdoar os assassinos e a livrar-se do ódio que sentia, ela conseguiu. “Pela primeira vez, desde que havia entrado no banheiro, dormi em paz”.
E foi para discursar sobre o perdão que Immaculée veio ao Brasil. Com essa arma poderosa, entendeu que a sua vida poderia ter um novo começo e o ciclo vicioso da vingança e do ódio entre os povos poderia ter um fim. Ao vê-la tão bonita e decidida, meu sentimento foi de pura admiração, o sentimento de pena ameaço deixar para mim e para os outros quando nos deixamos impressionar e nos acovardar diante das pequenas mazelas da vida ordinária.
Logo no prefácio, ela avisa: o livro não pretende contar a história de Ruanda, nem do genocídio, mas a história pessoal em meio à guerra civil ruandesa. Não é por isso, no entanto, que é uma história menos impressionante. Em seu relato, Immaculée conta como superou a solidão, o medo, o ódio e garantiu a fé em Deus e nas pessoas.
Ela, que nunca havia ouvido falar em tutsis e hutus em sua família, passou 91 dias dentro de um banheiro de 1,2m de comprimento e 1m de largura, com mais cinco mulheres e, mais tarde, com mais outras duas, porque o acaso – a alta estatura e o nariz afinado – resolveu considerá-la uma tutsi. Durante o período, elas não podiam conversar ou tomar banho, comiam restos de comida dos moradores da casa e só puxavam a descarga ao mesmo tempo em que alguém, no outro banheiro, puxava também.
Em sua liberdade, essa mulher teve de pagar preços ainda mais dolorosos: pai, mãe, avós e irmãos foram assassinados de forma cruel e violenta. A nova vida lhe deixava entre a esperança e o desalento. Era preciso encontrar um emprego, amigos, uma casa, mais tarde, um grande amor e o mais difícil de tudo: a capacidade de perdoar, apenas assim conseguiria estar livre para recomeçar sua vida.
Immaculée só conquistou o perdão por meio da oração. No banheiro, apegou-se ao terço vermelho e branco, dado pelo seu pai na última vez em que viu. Depois de pedir insistidas vezes para perdoar os assassinos e a livrar-se do ódio que sentia, ela conseguiu. “Pela primeira vez, desde que havia entrado no banheiro, dormi em paz”.
E foi para discursar sobre o perdão que Immaculée veio ao Brasil. Com essa arma poderosa, entendeu que a sua vida poderia ter um novo começo e o ciclo vicioso da vingança e do ódio entre os povos poderia ter um fim. Ao vê-la tão bonita e decidida, meu sentimento foi de pura admiração, o sentimento de pena ameaço deixar para mim e para os outros quando nos deixamos impressionar e nos acovardar diante das pequenas mazelas da vida ordinária.
Immaculée, 39 anos, trabalhou na ONU em Ruanda e nos Estados Unidos. É casada com um norte-americano, tem dois filhos e hoje se dedica à sua Fundação Ilibagiza, criada por ela para atender sobreviventes de genocídios e guerras, principalmente os órfãos.
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